7 de jan. de 2011

Correio Braziliense

PMDB quer concentrar barganha na Câmara
Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Wellignton Moreira Franco, diz que brigas por cargos no governo se resolvem com pressão política e reforça que disputa pela presidência da Câmara é legítima.
Orçamento: Trânsito perde 60% da verba para educar
Recursos previstos para campanhas, programas de prevenção e capacitação de pessoal são cortados em 60% este ano, em comparação com 2010. Medida, considerada absurda por especialistas, vai na contramão do aumento da frota e do número de acidentes em todo o país.
Devagar à esquerdaA presidente Dilma Rousseff emite sinais de que promoverá uma guinada à esquerda na condução de seu governo. Será uma decorrência natural da composição da própria equipe, na qual o predomínio do PT é indiscutível, como já está demonstrado pela insatisfação do PMDB — a grande força de centro — com a composição do ministério.
» » » Esses sinais vão desde o pito da presidente Dilma no general Elito Siqueira, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência — por ter rebatido declarações da secretária de Direitos Humanos, Maria do Rosário, sobre a instalação da Comissão da Verdade —, até a reunião convocada por Dilma ontem, com a participação de 11 ministros, para anunciar seu novo plano de erradicação da pobreza extrema. No encontro, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, que coordenará o plano, anunciou que os eixos do programa serão a inclusão produtiva e a universalização dos serviços, e não mais apenas a transferência de renda.
» » » Esse deslocamento à esquerda significa que o governo Dilma será pautado por um voluntarismo do tipo “ousar lutar, ousar vencer”? Não objetivamente. Há dois limites às ações de governo pautadas pelo viés ideológico de seus ministros: o primeiro é a economia, que exige cuidados extremos com os gastos públicos para evitar que a inflação fique fora de controle; o segundo, a correlação de forças políticas no Congresso, que impõe limites programáticos às ações dos ministros. O governo Dilma é uma coalizão de forças heterogêneas; se a esquerda jogar as demais para escanteio, cria uma crise.
GestoraO modelo de gestão do novo plano de combate à pobreza será o mesmo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com transparência e metas claras. Será coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social, com a participação dos ministérios do Planejamento, da Fazenda e da Casa Civil. A secretária executiva Ana Fonseca , principal organizadora do Bolsa Família, volta ao ministério com força total. Havia saído quando o ex-ministro Patrus Ananias assumiu a pasta com um enfoque, digamos, mais paternalista.

RachaA existência de duas correntes dentro do PMDB complica as negociações do ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, com a legenda. Um grupo é coordenado pelo vice-presidente da República, Michel Temer, que conversa diretamente com a presidente Dilma Rousseff. Já a ala representada pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), era mais alinhada ao ex-presidente Lula e perdeu interlocução com Dilma.
JanelaO senador eleito Eunício de Oliveira (PMDB-CE) ainda nem tomou posse, mas já está escalado para assumir a presidência da poderosa Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Governista de primeira hora, foi recebido de braços abertos pelo líder da bancada do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). Como diria o ex-craque de futebol, o agora deputado federal Romário (PSB-RJ), acabou de entrar no ônibus e já vai sentar na janela.
ConfusãoA Câmara já empossou 33 suplentes de deputados para um mandato tampão que vai até o fim do mês, com base no entendimento da Mesa Diretora de que a vaga pertence ao mais votado de cada coligação, e não ao partido do licenciado. Suplentes insatisfeitos ameaçam ir à Justiça brigar pela vaga pelo critério do mais votado do respectivo partido, com base em parecer do ministro Gilmar Mendes aprovado por 5 x 2 pelo Supremo Tribunal Federal (STF).