29 de set. de 2010

Zero Hora/Rosane Oliveira

Foi o debate possível
Poderia ter sido melhor o debate da RBS TV? Poderia, se não fosse o excesso de candidatos. Com sete, não há como aprofundar os assuntos relevantes com os quais o próximo governador terá de lidar. É difícil manter o telespectador atento quando falam sobre seus projetos candidatos que têm entre zero e 1% nas pesquisas. Quem leva a sério um candidato nanico que emposta a voz e diz vou fazer isso, vou fazer aquilo, quando seu partido não tem sequer um representante na Assembleia ou na Câmara? Foram poucos os momentos de confronto direto entre Tarso Genro, José Fogaça e Yeda Crusius, que lideram as pesquisas. Fossem apenas os três, Fogaça poderia ter se aprofundado na pergunta sobre o Rodoanel, proposto pela governadora com a previsão de uma terceira ponte no Guaíba, na altura de Barra do Ribeiro. A ideia é ousada, a obra é necessária, mas falta especificar o custo final e de onde sairão os recursos. A discussão sobre educação acabou ficando rasa. Com a necessidade de dividir o tempo e as perguntas entre os sete, os candidatos que estão de fato na briga não falaram de escolas de turno integral, de pagamento de gratificação por desempenho, de medidas efetivas para elevar a qualidade do ensino oferecido às crianças gaúchas. Fogaça prometeu, sem dar detalhes, um programa de capacitação de professores e a negociação de quaisquer mudanças que envolvam o magistério. Ninguém falou da inevitável reforma da previdência dos servidores públicos no Rio Grande do Sul – até porque esse é um tema indigesto, apesar de inadiável. Líder nas pesquisas, Tarso Genro evitou ataques. Nas perguntas que dirigiu aos adversários, cuidou de encaminhar assuntos que, na réplica, lhe permitissem falar sobre o que fez no governo Lula, preferencialmente na área de segurança. Nos raros confrontos diretos, Tarso e Fogaça se comportaram como cavalheiros, repetindo a postura adotada em todos os embates anteriores.
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Não tem explicação o silêncio dos veículos de comunicação atingidos pela decisão judicial que proibiu a divulgação de pesquisas para o governo do Paraná.
Censura no Paraná
Por decisão judicial, os eleitores do Paraná estão impedidos de conhecer os resultados de quatro pesquisas eleitorais feitas no Estado: duas do Datafolha, uma do Ibope e outra do Vox Populi. Foi o candidato Beto Richa, do PSDB, quem pediu a proibição da divulgação de três delas. A quarta foi contestada pelo PRTB, cujo candidato a governador está sub judice.
Ontem, o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, lamentou na Rádio Gaúcha a censura imposta aos institutos e aos veículos de comunicação. Paulino disse que o Datafolha tentará derrubar a decisão no Tribunal Superior Eleitoral.
Revista IstoÉ também é alvo
Também por liminar, a revista IstoÉ foi proibida de veicular reportagem que mencionava pesquisa segundo a qual Osmar Dias (PDT) ultrapassou Beto Richa (PSDB). A alegação foi de que a revista não informou, na reportagem, o número de registro da pesquisa. O juiz Luciano Carrasco determinou a retirada da matéria da página da IstoÉ na internet e impôs multa diária de R$ 200 mil em caso de violação da decisão. Ordenou ainda que a revista publique a “retratação da divulgação irregular da pesquisa na próxima edição e imediatamente na página de seu domínio na internet”. Quem entra no site da IstoÉ vê na capa um texto, determinado pelo juiz, informando o número do processo e a obrigatoriedade de suspensão da veiculação da pesquisa.
CENAS DERRADEIRAS
Durante a caminhada realizada no centro de Porto Alegre, ontem, foram gravadas as cenas para o encerramento do horário eleitoral da campanha de José Fogaça (PMDB). As mãos entrelaçadas na foto acima, com líderes dos dois partidos da coligação, são especialmente simbólicas, porque atendem a uma reivindicação que vinha sendo feita há semanas pelo PDT.
Sentindo-se excluídos do espaço nobre de TV, os aliados não escondiam o descontentamento com a exclusão nos processos de decisão sobre as gravações, apontando erros na condução na propaganda como um dos principais motivos da queda de Fogaça em pesquisas recentes.
No último programa, finalmente os expoentes da aliança aparecerão de braços dados. No domingo, se saberá se foi ou não tarde demais.
Marqueteiro Pompeo
Vice na chapa de José Fogaça (PMDB), o deputado Pompeo de Mattos (PDT) está entusiasmado com o gesto que inventou para conclamar a militância para o segundo turno. O movimento consiste em levar à testa dois dedos unidos – o indicador e o médio –, numa espécie de continência, e depois abri-los, em um V de vitória. – Marqueteiro Pompeo que inventou – gaba-se ele. O deputado espera que os verdadeiros marqueteiros da campanha veiculem sua invenção no programa eleitoral de hoje. Segundo Pompeo, o gesto foi a sensação do ato de ontem, na Esquina Democrática.
A reação da sociedade foi decisiva para a derrubada da liminar que, durante três dias, proibiu os meios de comunicação de divulgarem notícias relacionando o governador Carlos Gaguim (PMDB) a um suposto esquema de fraudes em licitações. A censura havia sido imposta pelo desembargador Liberato Póvoa, desautorizado segunda-feira pelo pleno no Tribunal de Justiça de Tocantins.
ALIÁS
Na despedida, Yeda reclamou dizendo que eram todos contra ela, mas na verdade só dois foram diretos nos ataques: Pedro Ruas e Aroldo Medina.
Aécio não vem
A campanha de Yeda Crusius insistiu até onde pôde, mas a esperança de trazer o ex-governador mineiro Aécio Neves (PSDB) ao Estado acabou ontem. Aécio havia sinalizado com a hipótese de vir, mas desistiu por estar empenhado na campanha de Antonio Anastasia – tucano que concorre à sua sucessão. Outra ideia dos tucanos gaúchos, de trazer o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também naufragou.
Yeda enfrenta seu algoz
O debate na RBS TV andava pela metade quando Yeda Crusius (PSDB) teve diante de si a oportunidade de escolher entre o ácido Pedro Ruas (PSOL) e o suave Montserrat Martins (PV). Para surpresa de quem esperava o caminho mais fácil, Yeda resolveu enfrentar o touro à unha: disse que não tinha medo e escolheu Ruas.Foi o momento mais tenso: Ruas insistindo que Yeda é ré e ela repetindo que não responde a processo algum e que ele, sim, é réu em processo movido por Carlos Crusius.