29 de set. de 2010

Marolinha vermelha - Reinaldo Azevedo/Veja

  • A soberba faz mal a política.
  • A eleição não está decidida.
  • A onda vermelha, parece, não passou de uma marolinha.
  • A avidez dos apoiadores, que já estavam dividindo os cargos do futuro governo, foi contida.
  • A comemoração da vitória, antes do apito final do juiz, pode explicar a violência dos ataques à liberdade de imprensa e à oposição em geral.
  • É importante para o país uma discussão de programas e propostas.
  • Até o momento, a campanha ficou resumida ao protagonismo de Lula e às graves denúncias envolvendo ministros e aliados do governo.
  • É preciso muito mais que isso.
  • Os debates entre os presidenciáveis foram inúteis.
  • Viraram monólogos.
  • O enfrentamento democrático entre candidatos acabou se transformando numa repetição enfadonha de promessas, recheadas de números, sem sentido algum.
  • Ninguém aguenta mais debates que não são debates, onde as grandes questões nacionais são ignoradas.
  •  Até os ataques aos adversários são mal elaborados.
  • O cronômetro, indicando que o tempo para a resposta do candidato está terminando, é o melhor aliado do telespectador.
  • O desinteresse popular é evidente.
  • A ausência de política empobreceu a eleição.
  • A repetição das velhas fórmulas esgotou a paciência do eleitor.
  • A falsa euforia do corpo a corpo nas ruas, que serve simplesmente para obter imagens para a TV, é a melhor representação de uma campanha pobre de ideias e recheada de marketing vazio.
  • Para a estratégia do governo é essencial despolitizar a eleição.
  • Transforma-la em um plebiscito. As diferenças políticas devem ser diluídas.
  • Daí que não causa estranheza a aliança oficial combinar o apoio do empresariado, com os beneficiados pelos programas assistencialistas e os dirigentes sindicais amarelos.
  • Nesse coquetel infernal deve ser acrescentado o apoio dos oligarcas estaduais. Barbalho, Sarney, Calheiros e Collor servem para obter votos nos burgos podres.
  • Mas é o típico apoio envergonhado: nos grandes centros seriam hostilizados.
  • Uma campanha sem ideologia sempre foi o desejo do governo.
  • Até este momento conseguiu o seu intento.
  • Caso ocorra um segundo turno, o artifício deverá ter vida curta.
  • A polarização, com a apresentação de dois projetos para o país, é tudo o que Lula não quer.
  • Os candidatos terão tempos iguais na televisão.
  • E nos debates o confronto será inevitável.
  • A oposição vai ter um teste de fogo.
  • Terá de apresentar um programa de governo.
  • Mostrar unidade e combatividade.
  • E realizar algo que tinha esquecido nos últimos tempos: fazer política.