24 de set. de 2010

Nova polêmica à vista sobre Lei da Ficha Limpa


  • Julgamento no Supremo Tribunal Federal caminha para o empate, o que coloca em questão mais um problema jurídico.

  • A hipótese de um empate de cinco a cinco na análise do recurso apresentado pelo candidato ao governo do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC), aventada por este site em matéria publicada antes do início do julgamento ainda em curso, tornou-se mais provável após os voto dos ministros Ellen Gracie e Marco Aurélio Mello.

  • Neste momento, Celso de Mello ainda vota, mas já deixou claro que as novas regras só valem para 2012.

  • Neste cenário, forma-se um placar de cinco votos contra e quatro a favor do recurso de Roriz.Por enquanto, o resultado garante a aplicação da Lei da Ficha Limpa para as eleições de 2010, já que o Supremo reconheceu a repercussão geral do caso.

  • No entanto, surge a incógnita do que pode acontecer caso a previsão sobre o voto do presidente do STF, Cezar Peluso, seja confirmada.

  • Nos últimos dias, cresceu a possibilidade de ele se posicionar favoravelmente a Roriz. Chegaria-se, então, ao placar de cinco votos a cinco.

  • No caso de empate e impossibilidade de o quorum ser completado, o artigo 13 do regimento interno do Supremo prevê o voto de qualidade para o presidente de corte.

  • A previsão existe desde o ano passado, quando foi acrescentada ao texto original. No entanto, nunca foi usada até o momento. Por conta dessa possibilidade, Peluso chegou a interromper a sessão por "motivos óbvios".

  • Os ministros, então discutiram o que seria possível fazer. Peluso teria afirmado que não deseja usar o voto de qualidade. Uma das possibilidades é convocar um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para completar o quorum. Porém, essa alternativa causaria mais uma suspensão do julgamento, já que o novo integrante precisaria de tempo para analisar o recurso.

  • Cresceu, no entanto, a possibilidade de aplicação do artigo 146 do regimento interno. Ele prevê que havendo "empate na votação de matéria cuja solução dependa da maioria absoluta" a decisão será contrária à pretendida ou à proposta. Ou seja, o empate deixaria Roriz fora do pleito. 

  • Outra possibilidade é declarar o resultado de empate, sem o voto de qualidade, e decidir contra Roriz. Essa hipótese é defendida pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcanti. Ele entende que, em caso de empate, a sociedade deve prevalecer. Também afirma-se que, por não ter conseguido seis votos, o recurso de Roriz não pode ser aceito já que contesta matéria constitucional.

  • Por último, os ministros podem também suspender o julgamento no caso de igualdade e esperar a nomeação do ministro que falta para completar a corte pelo presidente Lula. Uma das vagas está em aberto desde o mês passado após a aposentadoria de Eros Grau.

  • Principal incógnita do julgamento, Ellen Gracie votou pela aplicação da Lei da Ficha Limpa nestas eleições e, portanto, contra a última cartada do ex-governador Roriz para manter sua candidatura ao governo do DF.

  • Com a manifestação da ministra, chegaram a cinco os votos pró-Ficha Limpa. Além de Ellen Gracie, votaram nesse sentido os ministros Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowski e o relator da matéria, Carlos Ayres Britto. Confirmando as previsões, José Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Marco Aurélio votaram contra a imediata aplicação da lei que redefiniu as condições para a aceitação de registro de candidaturas.(Sylvio Costa e Mário Coelho).