3 de dez. de 2010

Zero Hora/Rosane Oliveira

Consciência crítica
Se quisesse, o empresário Jorge Gerdau seria ministro de Dilma Rousseff, como teria sido no governo do presidente Lula. Convidado, preferiu colaborar com Dilma de outra forma, organizando um núcleo de gestão para melhorar a eficiência da máquina pública. Ele tem obsessão por qualidade e produtividade e pode ser uma espécie de consciência crítica do governo sem enfrentar os aborrecimentos do dia a dia de um gabinete ministerial.
Rico, poderoso e respeitado no meio empresarial e político, Gerdau não tem projeto eleitoral e não precisa do título de ministro. Pode até contribuir mais com o governo se tiver espaço para funcionar como um conselheiro, apontando os gargalos que emperram a máquina e atrapalham o desenvolvimento. Há vários anos, virou referência para os jovens administradores pelo envolvimento com o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade e com o Movimento Brasil Competitivo. Nos últimos, encontrou governadores dispostos a incorporar processos da iniciativa privada para reduzir despesas de custeio e fazer sobrar dinheiro para investimentos.
As lições de Gerdau serviram tanto ao tucano Aécio Neves em Minas Gerais quanto ao socialista Eduardo Campos em Pernambuco, dois exemplos de governadores que conquistaram altos índices de produtividade aplicando fórmulas corriqueiras no setor privado mas rejeitadas no setor público. Na campanha eleitoral, Dilma citou Gerdau incontáveis vezes como exemplo de empresário comprometido com a qualidade. Em entrevistas aos veículos do Grupo RBS, repetiu uma máxima de Gerdau a respeito da necessidade de se estabelecerem metas ousadas: “Meta boa é meta difícil. Meta que se cumpre com facilidade é meta errada”. Gerdau tem ideias que arrepiam os setores mais radicais do PT. Há anos adverte que a Previdência é uma bomba-relógio e que, se o Estado continuar pagando aposentadoria integral para os servidores públicos, o estouro das contas será inevitável. Faz restrições severas aos privilégios de castas do funcionalismo e defende com convicção a valorização do mérito.
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A agenda preliminar do presidente Lula prevê para o dia 16 a última visita ao Rio Grande do Sul, para inauguração do túnel na BR-101, em Maquiné.
Com um pé na presidência
Adão Villaverde já tem a maioria dos votos na bancada do PT para ser o presidente da Assembleia em 2011, mas sonha ser escolhido por consenso para não comprometer a unidade. A escolha do presidente e dos demais membros petistas da Mesa e das comissões será feita segunda-feira, às 14h, na reunião da bancada. Pelo acordo firmado entre as maiores bancadas, o PT ficará com a presidência em 2011 e o PMDB em 2012. O PP e o PDT querem ficar com o último ano, mas um dos dois terá de ceder e administrar a Casa em 2013.
Cidadã comum
Em vez de pedir atendimento especial, Yeda Crusius seguiu o ritual dos cidadãos comuns na hora de renovar seu passaporte: agendou pela internet e foi à sede da Polícia Federal ontem pela manhã para fazer o documento. Funcionários da PF ficaram surpresos ao vê-la sentada na sala de espera ao lado de Carlos Crusius. Assim que entregar o cargo, Yeda vai para os Estados Unidos, visitar o filho que mora na Califórnia. Depois, pretende viajar pela Europa.
Acredite se quiser. Depois de se reunirem por quatro horas ontem, parlamentares do PTB saíram dizendo que não discutiram nomes para compor o segundo escalão do governo Tarso Genro.
PASSAGEM DE BASTÃO
Herdeiro de uma parte da estrutura que hoje é comandada pelo secretário da Justiça, Fernando Schüler, o deputado Fabiano Pereira conheceu ontem os principais projetos que ficarão sob sua responsabilidade. O clima cordial marcou o encontro dos dois. Schüler vai levar Fabiano para conhecer projetos como RS Socioeducativo, de atenção aos egressos da Fase, e a Oscip que administra o Centro Social da Vila Cruzeiro. A boa notícia para o futuro secretário é que, desde o início do atual governo, o número de internos da fase caiu de 1.160 para 798, mais 85 em regime de semiliberdade.Em outro encontro, a secretária-geral de Governo, Ana Pellini, transmitiu informações ao sucessor, Estilac Xavier, e recebeu pedidos.
Ana Pellini reafirmou que estão garantidos todos os serviços tradicionais da Operação Verão, exceto os de entretenimento e lazer. Estilac pediu à secretária informações sobre todos os contratos e convênios em vigor. A secretária, que entra em férias na semana que vem e só retorna ao Brasil dia 22, apresentou o sistema de gerenciamento de projetos, semelhante ao que o governo Tarso Genro pretende adotar.
ALIÁS
A maior contribuição que Gerdau pode dar ao governo Dilma é injetar nos ministros a convicção de que, sem aumentar o nível de escolaridade e sem melhorar a qualidade da educação, o país jamais sairá do subdesenvolvimento.
Desejo da Fronteira
O passado de militante que se exilou em Rivera no tempo da ditadura dá aos municípios da Fronteira a esperança de que Tarso Genro tenha um olhar diferenciado para a região e adote políticas capazes de conter o êxodo. O advogado e radialista Carlos Eduardo Grisolia da Rosa busca nos dados do IBGE a justificativa para que Tarso adote políticas para reduzir as desigualdades: o êxodo de mais de 10% da população em municípios da Fronteira Oeste e da Campanha nos últimos 10 anos é padrão nordestino dos anos 50.
Cegonha
Antes da data prevista, nasceram quarta-feira os filhos do presidente do Banrisul, Mateus Bandeira, e de sua mulher, Daniela. Um chama-se Pedro, como o avô materno, o outro Mateus, como o pai.
Bandeira recebeu a notícia do nascimento dos gêmeos em Nova York, onde estava a serviço do Banrisul.