6 de dez. de 2010

Zero Hora/ Rosane Oliveira

Olhar transversal
Ao exigir que os partidos aliados tenham representantes em cada secretaria, o governador eleito Tarso Genro quer mais do que acabar com os feudos que prejudicam a gestão. A intenção de Tarso, confirmada pelo futuro chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, é que a divisão de responsabilidades facilite a fiscalização e garanta o comprometimento de todos com os resultados. Ninguém poderá tirar o corpo fora diante de um resultado negativo nem dizer que não sabia do que ocorre na secretaria. Ao mesmo tempo, o titular da pasta será obrigado a seguir o programa do governo, em vez de fazer do seu jeito. Nesse modelo de gestão, Tarso não poderá fazer como Germano Rigotto que, quando veio à tona o escândalo do Detran, se defendeu dizendo que entregara a Secretaria da Segurança (com suas vinculadas) ao PP e, portanto, não tinha como saber o que acontecia na autarquia. A chamada “porteira fechada” nas secretarias dá ao governador a possibilidade de dizer que não sabia porque nunca recebeu qualquer denúncia. Quando a gestão é partilhada, todos os partidos terão olhos e ouvidos espalhados por diferentes departamentos. Outra novidade na relação de Tarso com os aliados é a forma como serão preenchidos os cargos de confiança. Cada sigla mandará suas indicações na formação do governo. Depois disso, passa-se a régua e não haverá possibilidade de barganha dos deputados a cada votação, como ocorreu nos últimos anos. Os deputados terão de fazer suas indicações nas instâncias dos respectivos partidos. A intenção de Tarso é que o tema dos cargos seja tratado pelo chefe da Casa Civil com os presidentes das legendas aliadas e não com cada deputado em particular. Diante dos baixos salários pagos aos cargos em comissão, discute-se no futuro governo a possibilidade de reduzir o número de CCs para pagar melhor aos remanescentes. Carlos Pestana avalia que esta seria uma forma de atrair pessoas mais qualificadas para o setor público.
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A equipe de transição vem enfrentando dificuldades para saber quantos CCs existem em cada secretaria e qual é o salário de cada um.
Palavra de especialista
A mobilização da deputada Luciana Genro (PSOL) para ter o direito de concorrer a vereadora em 2012 é considerada “apenas um gesto político” pelo advogado Joel Cândido, um dos papas do Direito Eleitoral. Joel Cândido – que não é advogado de Luciana – sustenta que, apesar de ser filha do governador eleito Tarso Genro, a deputada é “perfeitamente elegível” para os cargos de presidente e vice-presidente da República, prefeito, vice-prefeito e vereador de qualquer cidade brasileira. O advogado diz que a lei só não permite a Luciana concorrer a senadora, suplente, governadora, vice, deputada estadual ou federal.
Escolas de lata
O desejo da governadora Yeda Crusius de entregar o governo sem nenhum contêiner servindo de escola não vai se realizar. Nem todos os prédios que substituirão as chamadas escolas de lata serão concluídos até 31 de dezembro. Pela previsão da Secretaria de Obras, cinco só serão concluídas em 2011. A Coelho Neto e a Ismael Chaves Barcellos, na Vila Bom Jesus, devem ficar prontas em 12 de março.
Medalhas
Yeda Crusius faz hoje, às 11h, uma cerimônia de distribuição de medalhas de mérito a 80 assessores e ex-colaboradores do governo. Entre os homenageados, está a filha de Yeda, Tarsila Crusius, presidente do Comitê de Ação Solidária. A ex-secretária da Cultura Mônica Leal receberá a Medalha Flores da Cunha, concedida a pessoas que tenham se destacado por excepcional atuação no campo da gestão.
LUZES SOBRE MANUELA
Sob o impacto dos excelentes resultados obtidos na eleição de outubro, o PC do B iniciou no fim de semana o planejamento para as disputas de 2012 e 2014 com uma certeza: a deputada Manuela D’Ávila, bicampeã como a mais votada da bancada federal, é a grande aposta para eleição municipal. Reunido no fim de semana , o comitê estadual do PC do B lançou Manuela como pré-candidata a prefeita de Porto Alegre e vai começar a “construir as condições” para que ela concorra também com o apoio de PT e PSB. Juntas, as três legendas elegeram Tarso Genro governador no primeiro turno. O presidente do PC do B, Adalberto Frasson, diz que nunca houve um ambiente tão favorável para o apoio do PT a um candidato de outro partido. O PC do B também estabeleceu como meta a ampliação do número de vereadores e prefeitos no Estado. Manuela foi à reunião vestindo a camiseta do Inter, atitude que não deverá se repetir se for candidata para não atrair a rejeição dos torcedores gremistas.
PC do B exige a Fepam
Dirigentes do PC do B reafirmaram no fim de semana que não abrem mão da presidência da Fepam. O indicado é o químico Carlos Fernando Niedersberg. A avaliação é de que se a Fepam for presidida por integrante de outra sigla, Jussara Cony seria uma espécie de “rainha da Inglaterra” na Secretaria do Meio Ambiente. Como o avião com o qual Tarso Genro vai à posse de Dilma Rousseff só comporta seis passageiros, convém a quem sonha com uma carona procurar logo um voo comercial. Já está definido que com Tarso viajarão os secretários Carlos Pestana e Estilac Xavier e um segurança.
ALIÁS
Todos os ocupantes de cargos em comissão serão exonerados no final do governo de Yeda Crusius, para que a nova administração tenha um mapa preciso de quantos são e por quem foram indicados os CCs.
Decisão salomônica
Os colorados que integrarão o primeiro e o segundo escalões do governo de Tarso Genro já podem respirar aliviados: ninguém ficará impedido de assistir à estreia do Inter em Abu-Dhabi, no dia 14, data prevista para a realização do seminário de gestão que deverá reunir toda a equipe. Para evitar prejuízos ao trabalho, o seminário será interrompido ao meio-dia e retomado apenas na manhã do dia 15.
MIRANTE
Diante da crise na segurança do Rio de Janeiro, ficará para o início de janeiro o seminário no qual os governadores aliados da presidente eleita Dilma Rousseff lançariam, dia 13, uma frente em defesa das reformas.
A executiva do PDT se reúne hoje para discutir a indicação de nomes para o segundo e terceiro escalões do governo estadual. Há indícios de tempo quente na reunião.