30 de ago. de 2010

Zero Hora

CAROLINA BAHIA
Gerência
Em menos de 15 dias, o programa de governo de Dilma Rousseff estará concluído, o que não significa que será utilizado como ferramenta de campanha. Quanto mais a candidata cresce nas pesquisas, maior é a cautela dos estrategistas. Além de evitar desgastes desnecessários, com uma análise criteriosa da agenda, os aliados querem deixar a candidata bem longe de temas polêmicos. A última pesquisa mostra que o eleitor está preocupado com a manutenção do poder de compra. É a senha para que se fortaleça o tema da continuidade. E o programa de governo? Fica sempre para depois.
Fritando
A candidata Marina Silva tem motivos de sobra para cobrar de Guido Mantega uma manifestação sobre o escândalo da quebra de sigilo fiscal. Além de Ministro da Fazenda, ele é um dos nomes cotados a permanecer na Esplanada em caso de vitória petista.
Demorou
Começou a artilharia sobre o PMDB governista. Michel Temer passou o final de semana dando explicações sobre a prestação de contas. Candidato ao governo de Minas, Hélio Costa enfrenta acusação de caixa 2.
Aplainando
Tem liderança do PP gaúcho analisando o terreno, em caso de desembarque da candidatura Yeda Crusius. Um candidato à reeleição na Câmara tem telefonado semana sim, outra também, para Tarso Genro.
Recesso
Presidente estadual do PP, Pedro Bertolucci, é a favor da emancipação de Pinto Bandeira. Ele explica, no entanto, que o impasse político envolvendo a região só seria resolvido com uma reunião da Executiva do partido, praticamente impossível em plena campanha. Uma definição ficaria somente para depois de outubro.
PARA COBRAR - ali adiante
Abafa
O impasse pela emancipação de Pinto Bandeira virou uma guerra no PP. Integrantes do partido de Bento Gonçalves são acusados de impedir a independência da cidade, provocando a ira de correligionários. Tudo indica que a briga vai acabar em frente à sede do partido, em Porto Alegre, com direito a tratoraço. Uma saia justa no período eleitoral.

ROSANE OLIVEIRA
Aos olhos do eleitor
A última pesquisa do Datafolha foi além de identificar a intenção de voto dos brasileiros e fez uma série de perguntas para saber qual é imagem que os eleitores têm dos candidatos a presidente. Os resultados são interessantes para se compreender a lógica ou a falta de na hora de definir o voto. Pela pesquisa, também se pode constatar que, desde maio deste ano, quando estava bem atrás de José Serra (PSDB), até a liderança sólida em agosto, Dilma Rousseff (PT) se tornou mais inteligente, mais simpática e mais preparada aos olhos do eleitor. Os números não chegam a ser ruins para Serra, que até ultrapassa a adversária nos quesitos “mais experiente” (51% a 31%), mais apto para cuidar da saúde (47% a 33%) e menos autoritário (30% a 37%). Falta ao tucano uma qualidade que só Dilma tem: a de ser a ungida pelo presidente Lula, que bateu mais um recorde de popularidade. Na comparação direta, os pontos positivos dos dois se equilibram. Dilma é considerada mais preparada para ser presidente do que Serra (42% a 38%), mais simpática (37% a 26%), mais apta para cuidar da educação (41% a 31%), combater a violência (38% a 30%), combater o desemprego (46% a 28%) e manter a estabilidade econômica (49% a 28%). Os eleitores acham que ambos são inteligentes: 36% para Serra e 34% para Dilma. No imaginário de 41% dos eleitores, Serra defenderá mais os ricos do que Dilma (17%). Quando a pergunta é quem defenderá mais os pobres, Dilma tem 45% e Serra, 20%. No Rio Grande do Sul, a imagem de Serra é melhor do que na média nacional. Serra aparece à frente de Dilma nos quesitos mais inteligente, mais experiente, mais simpático, mais preparado para governar, para cuidar da saúde. Os dois empatam no quesito mais preparado para combater a violência e cuidar da educação. Dilma leva vantagem nos itens “mais preparado para combater o desemprego” e para manter a estabilidade econômica. Os gaúchos também acham que Dilma defenderá mais os pobres do que Serra (39% a 24%) e que o tucano defenderá mais os ricos (33% a 18%).
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O Ibope que mostra Dilma com 24 pontos de vantagem sobre Serra constata que dois em cada três eleitores votam nela porque a consideram mais capaz de dar continuidade ao governo Lula.
Missão de Indio no RS
Antecipando-se à visita do vice de Dilma Rousseff (PT) ao Estado, o vice da chapa de José Serra, Indio da Costa (DEM), desembarcará em solo gaúcho amanhã, para uma visita de dois dias, em que tentará reverter a tendência de crescimento petista. A chegada está prevista para as 16h, em Rio Grande, e o roteiro prevê passagem por Pelotas, onde Indio tem familiares.
Na visita ao porto de Rio Grande, Indio deve elogiar a administração estadual do porto – questionada na semana passada após a divulgação de intervenção federal, negada pela superintendência.
Recepção dividida
Funcionou a estratégia da cúpula do PMDB, que conseguiu adiar para quinta-feira a visita do presidente nacional do partido, Michel Temer, por medo da repercussão do apoio de prefeitos do partido à chapa de Dilma Rousseff (PT) à Presidência – o candidato ao Piratini José Fogaça (PMDB) mantém a neutralidade. Líder do movimento que apoia Temer e Dilma, o prefeito de Quaraí, João Carlos Gediel, reconhece um abalo na mobilização para o evento, e não sabe agora quantos poderão comparecer:
- O pessoal já havia se programado e articulado as caravanas para quarta-feira passada.
DISCURSO EMBALADO
Embalado pelos bons resultados nas pesquisas eleitorais, o candidato Tarso Genro (PT) tem conseguido vencer resistências em setores tradicionalmente mais alinhados a seus adversários. Entre as entidades que prestigiaram ontem o lançamento de sua Carta aos Gaúchos, em que registra compromissos de campanha, esteve a Agenda 2020, que é liderada por federações empresariais e formada por organizações civis. Segundo integrantes da Agenda, foi um reconhecimento à atenção do petista às ideias do movimento.
Apesar de o grupo ter se reunido com todos os principais candidatos ao Piratini, incluindo José Fogaça (PMDB) e Yeda Crusius (PSDB), Tarso foi o único que pediu uma segunda reunião para discutir as propostas recebidas no primeiro encontro. Integrantes da Agenda 2020 comemoraram ao encontrar na carta pontos em comum com as propostas do movimento.
ALIÁS
Os únicos itens em que Marina Silva supera seus índices de intenção de voto são simpatia (14% dizem que ela é a mais simpática) e defensora dos pobres (13%).
Tipo exportação
Como reconhecimento aos bons resultados na gestão do Judiciário, o Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP) será levado pelo Conselho Nacional de Justiça a outros tribunais do país. Já houve reuniões no Paraná e na Bahia.
Amanhã, às 16h, os presidentes dos conselhos superior e diretor do PGQP, Jorge Gerdau Johannpeter e Ricardo Felizzola, estarão reunidos com o presidente do TJ gaúcho, desembargador Leo Lima, no Tribunal de Justiça, para avaliar os resultados da parceria, iniciada em dezembro de 2008.
Embora lutem por um lugar no segundo turno, os candidatos ao governo do Estado Yeda Crusius (PSDB) e José Fogaça (PMDB) mantém o clima de cordialidade, sem ataques diretos.
Acompanhados por seus vices durante o debate na Expointer, sábado, na Casa RBS, os dois beliscaram carnes e salsichões servidos como aperitivo e conversaram com produtores rurais antes de deixarem o Parque de Exposições Assis Brasil. O candidato do PT, Tarso Genro, saiu tão logo a sabatina se encerrou.
Trio confiante
Embora só existam duas vagas ao Senado, os três principais candidatos juram que vão se eleger.
Na liderança da última pesquisa do Datafolha, Ana Amélia Lemos (PP) se surpreendeu ao constatar que tem mais votos na Capital, e atribui seu crescimento à propaganda de TV, que mostrou aos eleitores que trocou o jornalismo pela política.Germano Rigotto (PMDB), que aparece em segundo, e Paulo Paim (PT), em terceiro, também dizem estar tranquilos porque percebem o carinho das ruas – e relativizam as pesquisas.
Mesmo abatido, Alceu Collares mantém a língua afiada: diante do resultado do último Datafolha, que mostrou o crescimento de Tarso Genro (PT), o mais polêmico dissidente da coligação de José Fogaça (PMDB) vocifera:
– A imparcialidade matou o Fogaça, porque é próprio do Rio Grande tomar posição. Aqui não tem muro.