24 de jan. de 2012

CENÁRIO POLÍTICO - por: Anna Almeida



CENÁRIO POLÍTICO

Semana de 16 à 23 de janeiro de 2012

Introdução:
O Centro de Pesquisa Datafolha divulgou neste final de semana a avaliação do primeiro ano de mandato da presidenta Dilma Rousseff, em que ela bateu o recorde histórico de aprovação de um presidente em seu primeiro ano de mandato desde o início da redemocratização superando, inclusive, o ex-presidente Luis Inácio (Lula).
A pesquisa apontou também a insatisfação e discordância dos entrevistados com a quantidade de órgãos e ministérios que hoje compõem o Poder Executivo Federal. Cerca de 70% certamente suprimiriam pelo menos uma destas entidades da Esplanada.
Avaliação de Dilma Rousseff:
O índice obtido (59% de aprovação, somados os votos de ótimo e bom dos entrevistados) aumentou em 11% se comparado ao da última pesquisa, em agosto de 2011 (quando esta marca batia 48%). Enquanto o índice de rejeição, apurado pelos votos de ruim/péssimo, reduziu 5%, atingindo a também margem histórica de 6%.
Nesta linha, a pesquisa mostra também que, no âmbito geral, houve um aumento significativo da nota dada pelos entrevistados ao Governo de Dilma Rousseff, que após iniciar o governo com uma avaliação positiva de 6.9, chegou à margem de 6.7 em agosto (perídio que coincidiu com as inúmeras denúncias e baixas ministeriais, principalmente na Defesa, Agricultura e Esportes) e elevou-se agora, em janeiro de 2012, para o recorde de 7.2. Até então, sequer o presidente Lula havia atingido esta marca.
No entanto, diferentemente dos cenários anteriores, foi na região Norte/Centro-Oeste que a presidenta apresentou a maior variação positiva de sua avaliação, em 18 p.p., seguido então da região Nordeste – que até então era a maior responsável pela variação desta margem.
Ressalta-se ainda que, se comparada com os presidentes que a antecederam desde o período de redemocratização (1988), Dilma desbanca as avaliações de todos eles, a saber: a) Fernando Collor (mar/91 – 23%); b) Itamar Franco (nov/93 – 12%); c) Fernando Henrique (mar/ 95 – 41%); d) Fernando Henrique (mar/99 – 16%); e) Lula (mar/03 – 42%); e f) Lula (mar/07 – 50%) .
Essa mesma pesquisa ainda destacou que a imagem da presidenta, perante o eleitorado, mudou nos últimos 12 meses. Destaque para o aumento da sinceridade (crescimento de 62% para 70%) em contrapartida da redução na imagem autoritária (decréscimo de 44% para 39%).
 Executivo Federal:
Os entrevistados, quando perguntados a respeito da composição ministerial, 44% acreditam que o número de Ministérios que hoje existem ultrapassam a quantidade necessária para o país; 29% julgam ser pertinentes as pastas e adequadas à quantidade de demanda do país; e 15% acreditam que a quantidade que existe hoje ainda é inferior ao necessário.
O universo, apenas 30% disseram que não descartariam qualquer ministério, os outros 50% elencaram a Secretaria de Assuntos Estratégicos (15%), Secretaria de Pesca e Aquicultura (13%), Gabinete de Segurança Institucional (10%), Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (9%), Secretaria de Portos (8%), Secretaria de Relações Institucionais (7%), Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (6%), Ministério da Integração Nacional (6%), Ministérios das Cidades (6%), Secretaria-Geral da Presidência (6%) e Ministério do Turismo (5%). Ainda existe uma fatia de 20% que concorda com o número excessivo de ministérios mas que não souberam dizer quais pastas deveriam ser suprimidas em uma eventual reforma ministerial.
Conclusão:
Analistas políticos esperam que os dados dessa pesquisa – que reflete a melhora da imagem da presidenta Dilma em função do pulso firme com que contornou as inúmeras baixas e denúncias do Poder Executivo, bem como a “transparência e agilidade” que deu para a solução dos problemas e troca dos representantes das pastas com problemas – incidam diretamente sobre a reforma ministerial prevista para o primeiro semestre deste ano, já em curso.
Especula-se que a reforma vá eliminar, fundir ou transformar em Secretarias alguns dos órgãos mencionados na pesquisa (tais como a Secretaria de Portos e o Ministério de Aquicultura e Pesca), e promover a troca de alguns responsáveis mal avaliados ou cujas pastas passam por problemas incontornáveis.
A reforma iniciou-se com a saída de Mercadante do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI), para assumir o lugar de Fernando Haddad (PT) que disputará a prefeitura de São Paulo. No lugar de Mercadante assumirá, nesta terça-feira, o cientista e antigo presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antonio Raupp, indicação do próprio ex-ministro do MCTI e que gerou desconforto dentro do partido. No MEC, Mercadante ainda prometeu a saída de Malvina Tuttmann, presidente do Inep, órgão ligado ao ministério e responsável pela realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e cogitou ainda a troca de Maria Pilar Lacerda (secretária de Educação Básica), Eliezer Pacheco (secretário de Ensino à Distância) e Carlos Abicalil (secretário de Articulação dos Sistemas de Ensino).
Ao mesmo tempo, Gabrielli é substituído por Maria das Graças Foster na presidência da Petrobrás, que deverá inaugurar na estatal um novo modelo de gestão, com estilo idêntico ao que marca a presidência de Dilma Rousseff. Gabrielli foi convidado pelo governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), para assumir uma Secretaria do Estado, possivelmente de Fazenda; Planejamento; ou de Indústria, Comércio e Mineração. Wagner ainda acrescentou que  Gabrielli seria "um nome à altura" para disputar sua sucessão do governo do estado.
Agora em fevereiro outra baixa na Esplanada está sendo esperada, é a saída da Ministra da Secretaria de Políticas para Mulheres, Iriny Lopes (PT/ES), para disputar a prefeitura de Vitória. Para o seu lugar está cotada a também petista Inês Pandeló.
Enquanto isso, o ex-presidente sugeriu na última quarta-feira a nomeação do senador petista Paulo Paim (RS) para o Ministério da Igualdade Racial.
Outros ministros na mira de Dilma – que insiste em enfatizar que não está promovendo nenhuma reforma ministerial, mas apenas realocando mão de obra qualificada para suprir as necessidades do Estado – são eles:
  • Mário Negromonte (PP), do Ministério das Cidades (MCidades). Para o seu lugar estão cotados Márcio Fortes e Márcio Reinaldo, ambos do PP, mantendo a pasta com o partido;
  • Paulo Roberto dos Santos Pinto, interino no Ministério do Trabalho. O PDT, que até então era titular da pasta, trabalha para emplacar o nome de André Figueiredo (CE), deixando a vaga de líder do partido na Câmara para o deputado Paulo Rubem Santiago (PE); Brizola Neto (RJ), em função de sua proximidade com a presidenta Dilma; e ainda Vieira da Cunha (RS).
  • Ministérios como o da Cultura (Minc), dos Transportes (MTrans), da Integração (MI) deverão passar por mudanças. E outros como o da Fazenda (MF), do Planejamento (MPOG) e até mesmo o de Comunicações (MiniCom) poderão sofrer alguma alteração, conforme especula-se no Governo Federal.
De certo até o mesmo é que toda esta poeira está sendo levantada na semana seguinte às diversas reuniões setoriais que ocorreram durante este final de semana e à assinatura e publicação no Diário Oficial da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o exercício de 2012, onde a presidenta realizou um  corte de cerca R$ 70 bilhões.