CENÁRIO POLÍTICO
Semana de 16 à 23 de
janeiro de 2012
Introdução:
O
Centro de Pesquisa Datafolha
divulgou neste final de semana a avaliação do primeiro ano de mandato da
presidenta Dilma Rousseff, em que ela bateu o recorde histórico de aprovação de
um presidente em seu primeiro ano de mandato desde o início da redemocratização
superando, inclusive, o ex-presidente Luis Inácio (Lula).
A
pesquisa apontou também a insatisfação e discordância dos entrevistados com a
quantidade de órgãos e ministérios que hoje compõem o Poder Executivo Federal.
Cerca de 70% certamente suprimiriam pelo menos uma destas entidades da
Esplanada.
Avaliação de Dilma Rousseff:
O
índice obtido (59% de aprovação,
somados os votos de ótimo e bom dos entrevistados) aumentou em 11% se
comparado ao da última pesquisa, em agosto de 2011 (quando esta marca batia
48%). Enquanto o índice de rejeição, apurado pelos votos de ruim/péssimo,
reduziu 5%, atingindo a também margem histórica de 6%.
Nesta linha, a pesquisa mostra também que, no âmbito geral,
houve um aumento significativo da nota dada pelos entrevistados ao Governo de
Dilma Rousseff, que após iniciar o governo com uma avaliação positiva de 6.9, chegou à margem de 6.7 em agosto (perídio que coincidiu com
as inúmeras denúncias e baixas ministeriais, principalmente na Defesa,
Agricultura e Esportes) e elevou-se agora, em janeiro de 2012, para o recorde
de 7.2. Até então, sequer o
presidente Lula havia atingido esta marca.
No entanto, diferentemente dos cenários anteriores, foi na
região Norte/Centro-Oeste que a
presidenta apresentou a maior variação positiva de sua avaliação, em 18 p.p.,
seguido então da região Nordeste – que até então era a maior responsável pela
variação desta margem.
Ressalta-se ainda que, se comparada com os presidentes que a
antecederam desde o período de redemocratização (1988), Dilma desbanca as
avaliações de todos eles, a saber: a) Fernando Collor (mar/91 – 23%); b) Itamar
Franco (nov/93 – 12%); c) Fernando Henrique (mar/ 95 – 41%); d) Fernando
Henrique (mar/99 – 16%); e) Lula (mar/03 – 42%); e f) Lula (mar/07 – 50%) .
Essa mesma pesquisa ainda destacou que a
imagem da presidenta, perante o eleitorado, mudou nos últimos 12 meses.
Destaque para o aumento da sinceridade
(crescimento de 62% para 70%) em contrapartida da redução na imagem autoritária (decréscimo de 44% para
39%).
Executivo Federal:
Os entrevistados, quando perguntados a
respeito da composição ministerial, 44%
acreditam que o número de Ministérios que hoje existem ultrapassam a quantidade
necessária para o país; 29% julgam
ser pertinentes as pastas e adequadas à quantidade de demanda do país; e 15% acreditam que a quantidade que
existe hoje ainda é inferior ao necessário.
O universo, apenas 30% disseram que não
descartariam qualquer ministério, os outros 50% elencaram a Secretaria de
Assuntos Estratégicos (15%), Secretaria de Pesca e Aquicultura (13%), Gabinete
de Segurança Institucional (10%), Secretaria Especial de Políticas de Promoção
de Igualdade Racial (9%), Secretaria de Portos (8%), Secretaria de Relações
Institucionais (7%), Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (6%),
Ministério da Integração Nacional (6%), Ministérios das Cidades (6%),
Secretaria-Geral da Presidência (6%) e Ministério do Turismo (5%). Ainda existe
uma fatia de 20% que concorda com o
número excessivo de ministérios mas que não souberam dizer quais pastas
deveriam ser suprimidas em uma eventual reforma ministerial.
Conclusão:
Analistas políticos esperam que os dados
dessa pesquisa – que reflete a melhora da imagem da presidenta Dilma em função
do pulso firme com que contornou as inúmeras baixas e denúncias do Poder
Executivo, bem como a “transparência e agilidade” que deu para a solução dos
problemas e troca dos representantes das pastas com problemas – incidam
diretamente sobre a reforma ministerial prevista para o primeiro semestre deste
ano, já em curso.
Especula-se que a reforma vá eliminar,
fundir ou transformar em Secretarias alguns dos órgãos mencionados na pesquisa
(tais como a Secretaria de Portos e
o Ministério de Aquicultura e Pesca),
e promover a troca de alguns responsáveis mal avaliados ou cujas pastas passam
por problemas incontornáveis.
A reforma iniciou-se com a saída de Mercadante do Ministério de Ciência e
Tecnologia (MCTI), para assumir o lugar de Fernando Haddad (PT) que disputará a
prefeitura de São Paulo. No lugar de Mercadante assumirá, nesta terça-feira, o cientista
e antigo presidente da Agência Espacial Brasileira, Marco Antonio Raupp, indicação do próprio ex-ministro do MCTI e que
gerou desconforto dentro do partido. No MEC, Mercadante ainda prometeu a saída
de Malvina Tuttmann, presidente do
Inep, órgão ligado ao ministério e responsável pela realização do Enem (Exame
Nacional do Ensino Médio) e cogitou ainda a troca de Maria Pilar Lacerda (secretária de Educação Básica), Eliezer Pacheco (secretário de Ensino à
Distância) e Carlos Abicalil
(secretário de Articulação dos Sistemas de Ensino).
Ao mesmo tempo, Gabrielli é substituído por Maria das Graças Foster na presidência da Petrobrás, que deverá inaugurar na estatal um novo
modelo de gestão, com estilo idêntico ao que marca a presidência de Dilma Rousseff.
Gabrielli foi convidado pelo governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), para assumir uma Secretaria do Estado,
possivelmente de Fazenda; Planejamento; ou de Indústria, Comércio e Mineração.
Wagner ainda acrescentou que Gabrielli
seria "um nome à altura" para disputar sua sucessão do governo do
estado.
Agora em fevereiro outra
baixa na Esplanada está sendo esperada, é a saída da Ministra da Secretaria de
Políticas para Mulheres, Iriny Lopes (PT/ES), para disputar a prefeitura de
Vitória. Para o seu lugar está cotada a também petista Inês Pandeló.
Enquanto isso, o
ex-presidente sugeriu na última quarta-feira a nomeação do senador petista
Paulo Paim (RS) para o Ministério da Igualdade Racial.
Outros ministros na mira de
Dilma – que insiste em enfatizar que não está promovendo nenhuma reforma
ministerial, mas apenas realocando mão de obra qualificada para suprir as
necessidades do Estado – são eles:
- Mário Negromonte (PP), do Ministério das Cidades (MCidades). Para o seu lugar estão cotados Márcio Fortes e Márcio Reinaldo, ambos do PP, mantendo a pasta com o partido;
- Paulo Roberto dos Santos Pinto, interino no Ministério do Trabalho. O PDT, que até então era titular da pasta, trabalha para emplacar o nome de André Figueiredo (CE), deixando a vaga de líder do partido na Câmara para o deputado Paulo Rubem Santiago (PE); Brizola Neto (RJ), em função de sua proximidade com a presidenta Dilma; e ainda Vieira da Cunha (RS).
- Ministérios como o da Cultura (Minc), dos Transportes (MTrans), da Integração (MI) deverão passar por mudanças. E outros como o da Fazenda (MF), do Planejamento (MPOG) e até mesmo o de Comunicações (MiniCom) poderão sofrer alguma alteração, conforme especula-se no Governo Federal.