17 de nov. de 2010

Rosane Oliveira/Zero Hora

Por um pedaço a mais
Faltam secretarias, diretorias de estatais e até cargos de menor expressão para acomodar os interesses de antigos, novos e futuros aliados do governo de Tarso Genro. A disputa se acirrou nos últimos dias, com a proximidade da data prevista para fechar a equipe e os acenos para os que, como o PP, já se consideravam independentes.
O PDT, convidado a integrar o “governo de coalizão” durante a campanha, quando integrava a chapa de oposição a Tarso, deveria escolher entre a Saúde e a Agricultura e teria ainda outras duas secretarias, mas não se conformou em ficar do mesmo tamanho do PTB no governo e passou a brigar por mais. Queria a Agricultura, a Saúde e mais uma. Agora, tentará uma última cartada: abrir mão da terceira secretaria para ficar com a Saúde e a Agricultura e assegurar uma estatal de primeira linha, de preferência a CEEE.
Em meio às articulações, líderes do PDT chegaram a falar em Afonso Motta para a Administração, hipótese que não passa pela cabeça do primeiro suplente da bancada federal. – No governo estadual, ou é a Agricultura ou é nada. Não estou em busca de emprego – disse Motta à Página 10. Como a Saúde também está sendo cogitada para Pedro Westphalen (PP), o PDT espera convencer o deputado Ciro Simoni a aceitar o cargo, já que o nome dele seria bem recebido pelo PT. O apetite por cargos cresceu também entre os aliados do primeiro turno. Embora tenha assegurado para o deputado Beto Albuquerque o comando da secretaria mais poderosa, a da Infraestrutura, que responde por estradas, hidrovias, aeroportos regionais, energia e muito mais, o PSB está achando pouco. Com três deputados estaduais, o partido do vice-governador Beto Grill cuidará também da Metade Sul, mas quer ampliar seu quinhão no secretariado. Até o PC do B, que tem apenas um voto na Assembleia, acha que merece mais do que a Secretaria do Turismo, já carimbada para Abgail Pereira. Tem chance de levar a Secretaria da Mulher, apesar da resistência do núcleo feminino do PT ao nome de Jussara Cony.
COM UM PÉ ATRÁS
Na reunião que teve ontem com deputados dos partidos aliados, o vice-governador eleito Beto Grill defendeu a necessidade de buscar mais informações sobre as parcerias público-privadas antes de o futuro governo definir sua posição. – Não somos contra as PPPs e admitimos usá-las como alternativa para a execução de obras, mas precisamos saber com muita clareza os compromissos que o Estado está assumindo – disse Grill. Na próxima segunda-feira, em nova reunião de Grill com os aliados, os técnicos escalados para dissecar os contratos e licitações que envolvem PPPs devem apresentar suas conclusões.
Também serão apresentadas as conclusões sobre aspectos jurídicos que envolvem a revitalização do Cais Mauá, já que a Antaq questiona a legalidade da licitação feita pelo governo. Os aliados também estão dispostos a barrar projetos de Yeda Crusius que implicam renúncia fiscal.
ALIÁS
O PSB se considera credor do PT porque tem convicção de que, se Beto Albuquerque não tivesse desistido de concorrer, Tarso Genro jamais venceria no primeiro turno.
A fome e a vontade
Cotado para assumir a Secretaria da Ciência e Tecnologia, o deputado Mano Changes (PP) nega que tenha sido convidado para o cargo, mas não esconde que seria “uma honra”. A pasta seria estratégica para que Mano pudesse acelerar a implementação do projeto de internet banda larga gratuita no Estado, sua principal bandeira na Assembleia. Foi por ter se comprometido com a causa durante a campanha, aliás, que Tarso Genro conquistou a simpatia de Mano.
Posição preliminar
Marcada para discutir a relação com o governo de Tarso Genro, a reunião da executiva estadual do PP, hoje, não deve ser conclusiva, na opinião do presidente do diretório metropolitano, Tarso Boelter. Nem poderia: o PP não tem uma proposta concreta na mão para discutir. O que existe é um convite ao partido para participar do governo de coalizão, ofertas informais de secretarias e conversas de bastidores. Tarso vai falar com o presidente do PP, Pedro Bertolucci, no dia 23, um dia depois da reunião em que o PDT decidirá se aceita integrar o governo.
Meio a meio
É curiosa a situação dos prefeitos que integram a executiva do PP.
Dos 17, oito são a favor de participar do governo de Tarso Genro, oito são contra e um, Alvorindo Polo, de Santo Augusto, se declara impedido de opinar. Ele é pai de Ernani Polo, primeiro suplente da bancada do PP e maior beneficiado com a eventual indicação de um deputado estadual para o secretariado. A consulta foi feita pelo presidente da Associação dos Prefeitos do PP, Miguel de Souza Almeida, de Minas do Leão. Ciente de que o deputado Mano Changes é um interlocutor importante na executiva do PP, o vice-governador eleito Beto Grill agendou uma visita estratégica ao gabinete dele às 11h, pouco antes da reunião da executiva.
Nomes do PTB
Depois da confirmação de Luis Augusto Lara como secretário do Trabalho, o PTB deve indicar Luiz Carlos Busato para a Secretaria de Obras e Maurício Dziedricki para a de Economia Solidária. Se Tarso vai aceitar as indicações, é outra história. Com a ida de Busato para o secretariado, Dziedricki assumiria a cadeira de deputado federal, mas, para isso, teria de renunciar na Câmara de Vereadores. Para ser secretário, ele precisa apenas se licenciar da Câmara.
A promessa de duplicação da produção de energia no parque eólico de Osório, feita ontem a Tarso Genro pela empresa Ventos do Sul, chama atenção para uma coincidência: foi em viagem à Bélgica, também antes da posse, que Germano Rigotto assegurou a vinda do empreendimento ao Estado.
!
Se for suspensa sem um argumento convincente, a revitalização do Cais Mauá corre o risco de se transformar na Ford de Tarso Genro.
DEM enterra ideia da fusão
Reunida contem sob o comando do deputado Onyx Lorenzoni, a executiva nacional do Democratas enterrou de vez, e por unanimidade, a proposta de fusão com o PMDB, que vinha sendo defendida pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Ficou definido que até 8 de dezembro será elaborado um plano de fortalecimento do DEM no país. Chamado de “projeto Semeadura”, prevê lançar, em 2012, candidato a prefeito em todas as cidades que têm geração de TV, mesmo sem chances de vitória, para divulgar as ideias do partido.
 Projeto 2014
Onyx diz que 2010 foi a última eleição em que o DEM não teve candidato a presidente.
Mesmo sem um nome competitivo, os líderes do partido avaliam que há como construir uma candidatura até lá, capaz de representar os 43 milhões de eleitores que não votaram em Dilma Rousseff no segundo turno.
Nomes para 2014? Onyx cita Kátia Abreu (TO), Ronaldo Caiado (GO) e Agripino Maia (RN).