3 de jun. de 2011

Milena Galdino / Agência Senado

O líder do PT no Senado, senador Humberto Costa, disse por volta das 16h que a base governista deve adotar postura mais dura na relação com os senadores da oposição:
- Se é paz, é paz. Mas, se querem guerra, terão guerra - resumiu pouco antes de entrar no Plenário para tomar parte na sessão desta tarde.
De acordo com ele, o resultado da votação da noite de quarta-feira (1º) - quando a oposição conseguiu derrubar duas medidas provisórias prolongando o debate até que sua vigência expirasse - prova que os parlamentares da oposição não cumpriram o acordo firmado na véspera.
Os termos da entrevista seriam repetidos em aparte a discurso em que a senadora Gleisi Hoffmann criticou o comportamento da oposição. Mas Humberto Costa anunciou a primeira atitude dura dos governistas em relação à oposição: desconhecer o acordo feito na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) em torno da PEC 11/2011, que muda o rito das medidas provisórias. O relatório aprovado na CCJ, de autoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG), restringe a edição de MPs.
- Podemos votar a PEC apenas tendo em vista o que achamos que é melhor para o Congresso Nacional - advertiu o senador petista.
Com relação à votação de quarta, o parlamentar pernambucano argumentou que havia sido acertado entre os governistas e a oposição que os senadores esperariam mais um dia para analisar três MPs, como pedia a oposição, mas com a garantia de concluir a votação ainda na quarta-feira, como queriam os governistas. Apenas uma das MPs, a 517/10, foi aprovada a tempo.
- A oposição na terça-feira reivindicou um acordo com o qual o PT não concordava [dar mais prazo para a tramitação dos projetos de conversão no Senado], mas terminamos concordando que a votação das três MPs ficasse para a quarta-feira com a garantia de que seriam votadas. No entanto, a oposição desde o início queria apenas protelar a discussão. Nós não fomos derrotados pela oposição, fomos derrotados pelo tempo - explicou Humberto Costa.
Ele assegurou que os senadores que apoiam o governo estavam na Casa até o final da sessão, prontos para votar. Também garantiu que havia articulação política na base governista para passar as duas medidas provisórias derrubadas, uma que unificava o piso dos médicos-residentes e dava gratificação aos servidores da Advocacia Geral da União (MP 521/10) e a outra que criou a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (MP 520/10). O senador lamentou que as duas medidas, que afetam a saúde pública, perderam a validade.
- Com esse comportamento a oposição protestava contra o prazo exíguo das MPs no Senado. Mas isso não era culpa da base governista e nem do governo. Eles quebraram o acordo e desrespeitaram a presidência da senadora Marta Suplicy, que estava conduzindo propriamente os trabalhos. Rasgaram o Regimento Interno, gritaram.
Humberto Costa afirmou, ainda, que "a oposição do Senado padece de síndrome bipolar". Segundo ele, o grupo oscila entre a superioridade, "quando acha que tem o tamanho que já teve um dia, ao depressivo, ao fazer como fez ontem".